A Liberdade PDF Imprimir
Qui, 02 de Outubro de 2008 12:34

A Liberdade

 

A LIBERDADE, juntamente com a IGUALDADE e a FRATERNIDADE, constitui um dos pilares da Maçonaria.

 

Detenhamo-nos nesse tema, pois ele se presta a mal-entendidos.

 

Para muitas pessoas, liberdade é sinônimo de rebeldia. Embora a rebeldia possa ser o primeiro passo para a conquista da liberdade, esta não se reduz àquela. Com muita freqüência, a pessoa rebelde está presa ao que se espera dela, em termos de uma estrutura externa – leis, regras, preceitos vários – sentindo-se livre, se fizer exatamente o oposto. Se não se pode fazer tal coisa, por isso mesmo é que devo fazê-la para ser livre.

 

Outro erro comum é confundir liberdade com falta de disciplina. "Cada um faça o que lhe aprouver", convidando o homem a atuar irresponsavelmente, relegando a outrem os encargos que lhe competem.

 

Há quem use o termo liberdade para definir a possibilidade de ir e vir para onde queira, ou de decidir determinados objetivos, como escolha profissional, mudança de residência, controle do número de filhos etc.

 

A liberdade pode, também, ser examinada no sentido político: liberdade de voto, de manifestação de idéias etc.

 

No sentido existencial, contudo, a liberdade assume outra conotação, como, magistralmente, expôs VIKTOR FRANKL: "quando a vida é reduzida ao simples fato de existir e quando nada mais tem significado (como na experiência de um campo de concentração), existe ainda a liberdade básica, a liberdade de escolher a atitude a tomar com o próprio destino. Isso pode não modificar o destino, mas modifica enormemente a pessoa".

 

Assim, a liberdade é vista como um dos valores fundamentais da existência, não como liberdade em relação a condições, sejam biológicas, psicológicas ou sociais; não como liberdade de algo, mas sim como liberdade para algo, ou seja, a liberdade para a tomada de posição perante todas as condições.

 

O homem só se eleva à condição de existente, quando assume a dimensão da liberdade, porque sendo livre, a cada instante decide o que é, não arbitrariamente, mas com responsabilidade. A escolha de suas possibilidades é um ato de sua liberdade, liberdade que ele tem, de um modo ou de outro e até à morte, de assumir uma atitude para com seu destino. E, sempre há um "de um modo ou de outro", ao escolher o que verdadeiramente fazemos de nós.

 

Quantas vezes nos encontramos diante de alternativas de valores, da necessidade de escolhermos dentre princípios entre si contraditórios? Tal escolha, se feita impulsivamente, sem consciência e responsabilidade, não será uma livre escolha.

 

É essa condição de liberdade que podemos conquistar e, de fato, o fazemos à

 

medida em que aceitamos a responsabilidade de nossa existência, não como algo a que estamos presos, mas como um valor por nós escolhido, como um "optar por nós mesmos".

 

Assumindo nossa responsabilidade existencial, decidindo com liberdade nossas escolhas de vida, transformamos a disciplina externa em auto-disciplina, nas porque sejamos submissos às ordens, mas porque sabemos o que pretendemos fazer de nós. E a disciplina é fundamental para a consecução de nosso projeto existencial.

 

Recusando-nos como "coisa" e enveredando pelo desdobramento de nossas possibilidades existenciais, de nossas possibilidades de dispormos de nós mesmos, de nos autodeterminar, estaremos conquistando a liberdade.

 

Liberdade condicionada pela responsabilidade, que, por sua vez, não pode existir sem liberdade, numa verdadeira dialética da autonomia.

 

José Cássio Simões Vieira

 

Mestre Instalado da ARLS Theobaldo Varoli Filho

 

19:38 2/5/2007