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A Trajetória de uma Loja Maçônica Paulistana (1923-1998)

GONÇALVES, Ricardo Mário (Organizador)

S. Paulo, arquivo do Estado, 1998, 141 p.

Ao assumir a Presidência da Loja Quintino Bocaiúva em junho de 1996 para a gestão 1996/1997, o VM Luiz Bráz encarregou o Ir Ricardo Mário Gonçalves (RMG) da realização de uma pesquisa sobre a história da Loja, com o objetivo de editar uma publicação sobre o tema em comemoração do 75º Aniversário da Oficina em 1998. O referido Ir idealizou o Projeto Clio, combinando a metodologia da pesquisa histórica tradicional, fundamentada na documentação escrita, com o novo método da História Oral, de cuja concretização resultou o presente trabalho, cuja publicação se tornou possível graças aos bons ofícios do saudoso Governador Mário Covas e de Fausto Couto Sobrinho, Diretor da divisão de Arquivo do Estado de S. Paulo.

Apresentado pelo Ir Luiz Brás e prefaciado pelo Ir Rui Roberto Russomano, eleito V M para a gestão 1997/1998, o livro principia com uma Introdução em que RMG expõe as linhas gerais do Projeto Clio, explicando como foi possível combinar a nova metodologia da História Oral, entrevistando um grupo de Irmãos veteranos da Oficina, com a pesquisa histórica convencional baseada na documentação escrita, uma vez quer a Oficina preserva em seus arquivos todas as suas aztas e demais documentos a ela relacionados, desde sua fundação em 1923 até o presente.

Temos depois o texto Homenagem ao Patrono, em que RMG apresenta uma breve biografia do Patrono da Loja, Ir Quintino Bocaiúva. Na seqüência, temos um depoimento escrito do Ir Ayrton Francisco Schneider, intitulado A Loja Quintino Bocaiúva de 1923 a 1991, seguido pelos depoimentos de História Oral dos Irmãos Aguenelo Martins Ferreira, Anicésio Rodovalho de Souza, Antônio Carlos Cunha, João Ribeiro Pereira Filho, Júlio Diogo e Oswaldo Walter Russomano. Temos depois a Cronologia da Loja Quintino Bocaiúva (1923-1998), um extenso capítulo em que RMM, fundamentando-se nas Atas da Oficina e outros documentos, descreve a trajetória da mesma desde sua fundação em a923 até 1998, procurando sempre relaciona-la com os eventos históricos do período ocorridos em S. Paulo, no Brasil e no mundo.

Em seu texto final Ricardo Mario Gonçalves conclui:

- Chegando ao final deste trabalho, mais do que ninguém, nós mesmos estamos cientes das lacunas, dos pontos de interrogação que ficam no ar, das contradições que ainda precisam ser explicadas. Foi dado um primeiro passo. As pesquisas precisam continuar, quer na Quintino Bocaiúva, quer em outras Oficinas, quer no Grande Oriente do Brasil, nos Grandes Orientes Independentes ou nas Grandes Lojas. Acreditamos, porém, ter mostrado, em primeiro lugar, a importância das monografias sobre Lojas para o trabalho de construção de uma Historiografia Maçônica madura, capaz de se pronunciar a respeito da História da Maçonaria em nosso país a partir de constatações nascidas da familiaridade com documentos primários.
- Acreditamos, em segundo lugar, ter constatado o caráter plurifuncional da Maçonaria. Independentemente de sua natureza específica de Ordem filantrópica e iniciática, tem ela desempenhado inúmeras funções secundárias ao longo de sua História. Nos fins do séc. XVIII e inícios do séc. XIX, agiu ela como canal de transmissão dos ideais do Iluminismo, ajudando a fomentar revoluções democráticas e movimentos emancipatórios. Na época em que o Brasil recebia fortes contingentes de imigrantes estrangeiros, agiu ela como mediadora entre o imigrante e a sociedade brasileira. Hoje parece ela desempenhar outras funções típicas de movimentos de classe média, como a de garantir a seus membros e a seus familiares uma segurança que o Estado não consegue garantir... Em certas fases, mostra ela uma aguda consciência política, em outras uma tendência à despolitização e ao fechamento sobre si mesma. Essas são algumas das características e tendências que pensamos ter detectado analisando os documentos da Loja Quintino Bocaiúva e os depoimentos de alguns de seus participantes. Poderiam tais características e tendências nos ajudar a avaliar a Maçonaria Brasileira como um todo? Achamos prematura uma resposta afirmativa a essa pergunta.

Repetimos com insistência: a História da Maçonaria no Brasil só será plenamente conhecida a partir da multiplicação de trabalhos como o nosso, ou seja, de monografias sobre Oficinas.

Acreditamos ter mostrado um caminho. Caberá a outros historiadores, maçons ou não palmilhá-lo.

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