Rito Escocês Rectificado

De todos os Ritos Maçónicos praticados hoje em dia pela Maçonaria Universal, o Rito Escocês Rectificado, o R.E.R., é sem sombra de dúvida, o mais esotérico, o mais incompreendido e o mais complexo de todos eles.

Mas também o mais lógico, o mais consequente, e, pela sua génese, o mais ligado às origens de uma Maçonaria operativa Teísta escocesa, anterior às reformas Deístas do Reverendo James Anderson e à Maçonaria Inglesa protestante do Início do Século XVIII. Trata-se de um Rito profundamente Cristão, mas no sentido mais lato da palavra. Não admite no seu seio Judeus ou Muçulmanos praticantes, não por uma questão de racismo religioso, mas por uma razão de coerência ideológica já que não faria qualquer sentido que membros não cristãos praticassem juramentos sobre o primeiro capítulo do Evangelho de São João. Contudo, não veda os seus trabalhos a qualquer deles, deixando ao seu critério, desde que não praticantes, integrarem ou não as respectivas Lojas.

O R.E.R. através da R:. L:. Nonnino é nº 436, da Grande Loja Nacional Francesa, depois de rebaptizada de Fernando Pessoa, está na origem da regularidade Maçónica em Portugal e na Fundação da Grande Loja Regular de Portugal. Curiosamente, também a G.L.N.F., nossa Grande Loja Mãe, acedeu à Regularidade através do Rito, quando em I 9 I 3, alguns Graus 33 do Grande Oriente de França, entre eles Camil-Jean-Baptiste Willermoz le Savoire e Eduardo de Ribaucourt solicitaram ao Grande Priorado Independente da Helvécia, serem recebidos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, tendo formado uma Loja, "Le Centre des Amis" a qual, juntamente com a L'Anglaise de Bordeaux", viria a formar a futura G.L.N.F.

O R.E.R., ou melhor o Regime Escocês Rectificado, surge em França no Sec. XVIII, mercê dos trabalhos de Irmãos Franceses de Lyon, Paris e Estrasbur-go sob a orientação desse grande maçon que foi o Jean-Baptiste Willermoz. É ele que na sequência dos trabalhos do Convento das Gálias, Lyon 1778, e depois de Wilhelmbsbad, em 1782, redige os Rituais de Aprendiz, Companheiro e Mestre e esboça o de Mestre Escocês de Santos André, bem como os de Escudeiro Noviço e Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa que virá a concluir mais tarde, passada a tem-pestade revolucionária de 1789. A Revolução, com todo o seu ímpeto anticlerical foi particularmente madrasta com o R.E.R., tendo o Rito declinado ao longo do final do sec. XVIII e início do sec. XIX. Então a loja francesa de Bansançon acaba por entregar as suas patentes à Prefeitura de Genebra onde o Rito sobrevive num ambiente suíço exclusivamente calvinista, vindo como já foi referido, a ressurgir em França no séc. XX.

Depois da 2a Grande Guerra, tal como a Fénix, emblema do Regime, esse ressurgimento conduziu, hoje em dia, à sua existência na Europa, além da Suiça, em França, Bélgica, Portugal, Espanha, Inglaterra, em África no Togo, e na América do Sul, no Brasil, países onde existem Grandes Priorados, e com projectos em curso na Itália e na Roménia. Na América do Norte existem também Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, embora um pouco sui géneris, na medida em que são apenas um ou dois por Estado, em geral ex-Grão Priores de Priorados Templários e militares de altas patentes dos vários ramos das Forças Armadas.

Origem Histórica

O R.E.R. nasce em França na segunda metade do sec. XVIII, tem um eclipse aparente no sec. XIX e, sobretudo a partir de 1960, está em franco ressurgimento.

É dentro do Cristianismo, um rito ecuménico, embora se possa considerar restritivo em relação a outras religiões mesmo monoteístas. O Rito é fundamentalmente Joanita. Está ligado à mensagem de Amor e Tolerância do Novo Testamento sem detrimento da Justiça vinculada pelo Antigo Testamento.

Está ligado à "Tradição Templária" em termos de Herança Espiritual e próximo da"Gnose Cristã". Não é um Rito Católico, é um Rito Cristão.

É provavelmente o Rito mais próximo da Maçonaria Operativa de origem Medieval. Ou seja da Maçonaria anterior a "24 de Junho de 1717". Em Loja simbólica os obreiros, além de avental e luvas, usam, todos, uma espada e um chapéu triangular embora só a partir do grau de Mestre se possam cobrir. Já referimos que o Regime é resultante dos trabalhos de vários Maçons ilustres de que se deve destacar Jean-Baptiste Willermoz, comerciante de sedas de Lyon.

Face a uma dispersiva disparidade de Ritos e Sistemas maçónicos na altura existentes e à preponderância que a Estrita Observância Templária (E.O.T.) começava a ter no mundo maçónico, intrigado, fascinado e depois um pouco céptico do sistema maçónico dos “Eleitos de Cohen” de Martinez de Pasqually, Willermoz parte para a criação de um Rito que reflecte essas três tendências:

A Maçonaria existente em França da sua vertente mais significativa (escocismo).

As doutrinas cabalístico/ocultistas do teosofismo martinezista do Sistema dos Eleitos Cohen de Martinez de Pasqually.

O Sistema da Estrita Observância Templária do Barão de Hund também apelidada de Maçonaria Rectificada (Reforma de Dresde), sistema alemão em que a vertente cavaleiresca se sobrepunha à maçónica já que se reclamava não só herdeira mas restauradora da Ordem do Templo extinta em 1312.

Willermoz, muito inteligentemente, retira à E.O.T. as suas pretensões Templárias, no sentido da restauração politico-material e temporal da Ordem e reclama-se de uma herança espiritual apenas. Acalma assim as Monarquias existentes e a Igreja de Roma.

Mantém o conteúdo esotérico do sistema de Pasqually mas avança para um ecumenismo não impregnado da teosofia martinezista onde por um lado introduz as teses de Martinez sobre a origem primeira do Homem, a sua condição actual e destino final no Universo mas sem entrar em choque com a mensagem inicial da Tradição Cristã divulgada através dos primeiros Padres da Igreja.

Não divorcia totalmente da prática maçónica praticada em França ou seja do Escocismo e dos vários graus que sintetizados mais tarde irão em 1786/87 vir a constituir um Rito Francês.

Resultado dos vários Convénios que se sucedem o R.E.R. acaba por ser finalmente estabelecido em 1782, em Wilhelmsbad continue a trabalhar nos diversos rituais até 1809.

Após a entrega, na sequência da Revolução de 1789, à Prefeitura de Genève da tutela do Regime e do Rito desenvolviam-se sistemas semelhantes na Alemanha e Países Escandinavos que conduziram basicamente ao Rito Sueco e ao rito de Zinnendorf.

Em 1958 o Grande Priorado das Gálias que administrava todo o Regime, assina um protocolo com a G.L.N.F. passando esta a ter toda a autoridade administrativa sobre os graus azuis.

Esta medida é adoptada por todas a Grandes Lojas Regulares na actualidade.

Em Portugal a Grande Loja Regular de Portugal/G.L.R.P. tem também a autoridade administrativa sobre os Graus Azuis, tendo as Lojas de Santo André e a Ordem do Interior sido introduzidas pelo Grandes Priorado Independente da Helvécia com a criação do Grande Priorado Independente da Lusitânia.

O G.P.I.L. seguiu, até aqui, os Rituais e Organigramas que nos tinham sido transmitidos pelos suíços. Contudo, face às próprias reformas por eles introduzidas em ambos, que cada vez mais os afastam do pensamento inicial de JB Willermoz, e face às nossas próprias tradições, religiosas e históricas, entendemos reformular os nossos Rituais e Organigrama tornando-os mais coerentes com a herança Templária que está na génese de Portugal e a sua mensagem gnóstica, prolongadas na Ordem de Cristo.

Assim acentuou-se a separação da Maçonaria Simbólica da Ordem Interior, passando as Lojas de Santo André a depender não das Prefeituras mas de um Directório Nacional Escocês, na dependência directa do Directório do GPIL através de um Deputado Mestre Nacional, traduziram-se e fixaram-se os Rituais originais de Willermoz.

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