Institucional / Estandarte

Entregar àqueles que nos sucederem o magnífico acervo das Tradições e Costumes de nossa Ordem, tal como o recebemos, deve ser permanentemente o nosso maior cuidado. por isso, naturalmente, toda modificação é sentida pelos Irmãos como um tremor de terra, um abalo a ser evitado a todo custo.

Quando uma potência Maçônica decide mudar seu próprio símbolo, como o fez a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, em sua Assembléia de 18 de junho de 1994, é essencial que seja feito um registro cuidadoso, para permitir à posteridade compreender perfeitamente suas razões e objetivos.

Toda e qualquer instituição precisa de um símbolo seu. Nas palavras do Dr. Whitney Smith, eminente vexilólogo, "... a ação cooperativa, em qualquer sociedade, requer comunicação; esta, por sua vez, depende de um discurso comum. Símbolos de todos os tipos, incluindo bandeiras, estabelecem princípios de relações entre indivíduos numa sociedade, entre estes e outras sociedades e entre todos os seres humanos e os campos da natureza a e do espírito". Quer dizer, um símbolo deve comunicar, deve ser compreendido, ao menos pelos componentes da Instituição, para eficientemente representá-la.

Quatro foram os motivos que nos conduziram à mudança. primeiro, a insuficiência representativa do símbolo anterior, somente significativo para Companheiros e Mestres. Segundo, o desejo de unificar definitivamente, sob um mesmo símbolo, as duas antigas potências que deram origem a esta Grande Loja. Terceiro, conseguir representar, de modo facilmente compreensível, a natureza e a situação geográfica da nossa Instituição. E quarto, finalmente, ter um símbolo de nossa exclusiva e inequívoca propriedade, passível de registro legal.

Como foi dito no trabalho que propôs o novo símbolo enviado a todas as Lojas da jurisdição, para representar a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, faz-se necessário representar duas coisas: a Instituição Maçônica e o Estado do Rio de Janeiro. para a Instituição, utilizamos o mais universal dos ícones maçônicos, tão fundamental que está entre os princípios Básicos da Franco-maçonaria, tal como enunciado pela Grande Loja Unida da Inglaterra:

Compasso e Esquadro

FIGURA 1: O mais conhecido de todos os símbolos maçônicos, o Compasso e o Esquadro

"6. Que as três Grandes Luzes da Franco-maçonaria (a saber, o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) estejam sempre em evidencia quando a Grande Loja ou as Lojas que lhe são subordinadas estiverem trabalhando... " (Figura 1) para o nosso Estado, servimo-nos do mesmo princípio de representação dos Estados brasileiros na esfera celeste da Bandeira Nacional. (Figura 2) Oficialmente, desde 11 de maio de 1992, pela Lei nº 8.421, cada Estado é associado a uma estrela, cabendo ao Estado do Rio de Janeiro a estrela "beta" da Constelação do Cruzeiro do Sul. Na verdade, essa lei confinm de jure um costume de há muito praticado nas escolas brasileiras...

Estrelas da Bandeira Nacional

FIGURA 2: As estrelas da Bandeira nacional e os Estados que elas representam. A de nº 5 é a "beta" do Cruzeiro, que representa nosso Estado.

  1. Minas Gerais: delta do Cruzeiro do Sul
  2. Espírito Santo: epsilon do Cruzeiro do Sul
  3. Bahia: gama do Cruzeiro do Sul
  4. São paulo: alfa do Cruzeiro do Sul
  5. Rio de Janeiro: beta do Cruzeiro do Sul
  6. Pará: Espiga - alfa da constelação de Virgem
  7. Acre: gama da hidra Fêmea
  8. Maranhão: beta do Escorpião
  9. Piauí: Antares - alfa do Escorpião
  10. Ceará: epsilon do Escorpião
  11. Rio Grande do Norte: lambda do Escorpião
  12. Paraíba: capa do Escorpião
  13. Pernambuco: mu do Escorpião
  14. Alagoas: teta do Escorpião
  15. Sergipe: iota do Escorpião
  16. Santa Catarina: beta do Triângulo Austral
  17. Rio Grande do Sul: alfa do Triângulo Austral
  18. Paraná: gama do Triângulo Austral
  19. Brasília, DF: sigma do Oitante
  20. Goiás: Canopus - alfa de Argus
  21. Tocantins: epsilon do Cão Maior
  22. Roraima: delta do Cão Maior
  23. Amapá: beta do Cão Maior
  24. Mato Grosso: Sirius - alfa do Cão Maior
  25. Rondônia - gama do Cão Maior
  26. Mato Grosso do Sul: Alphard - alfa da hidra Fêmea
  27. Amazonas: procion - alfa do Cão Menor

Chegamos assiml à essência do novo símbolo: sobre o firmamento azul o Esquadro e o Compasso maçônicos, em ouro, estão inscritos na Constelação do Cruzeiro do Sul, em prata, vista tal como na Bandeira Nacional. A estrela "beta", que representa o Rio de Janeiro, é destacada em ouro. (Figura 3)

FIGURA 3: O Compasso e o Esquadro entrelaçados inscritos no Cruzeiro do Sul. O projeto original foi alterado para a posição de Aprendiz, embora fosse válida a posição em qualquer dos Graus. Uma curiosidade importante: na representação heráldica, as estrelas têm seis pontas. A figura de cinco pontas chama-se moleta, um objeto com pontas de ferro para impedir a aproximação de cavaleiros inimigos. O significado do símbolo, a essa altura, poderia ser considerado complexo. Entretanto, nossa Ordem tem um apreço imenso pela tradição. por isso, do mesmo modo com que as Lojas homônimas descendentes consideram como sua a data de fundação da Loja-mãe que lhes deu origem, nosso símbolo foi buscar sua forma completa nas nossas tradições. Através da Grande Loja Unida da Inglaterra, todas as Grandes Lojas descendem, direta ou indiretamente, da Companhia dos Maçons de Londres, The hole Crafte and Felaship of Masons, que recebeu seu brasão em 1472. (Figura 4)

FIGURA 4: Brasão da Companhia de Maçons de Londres, inicialmente conhecida como The hole Crafte & Felaship of Masons já em existência pelo menos desde 1356. Foi concedido em 1472, no reinado de Eduardo IV. Sua descrição oficial, na patente assinada pelo Rei d'Armas é: "um campo de negro, um chaveirão em prata, três castelos de prata com portas e janelas de negro. No chaveirão, um compasso de negro". (Extraído de Freemasons at Work, de harry Carr). Este brasão figura tanto no timbre da Grande loja Unida da Inglaterra quanto no da Grande Loja da Escócia. para homenagear nossos ancestrais operativos e deixar patente nosso profundo respeito à tradição, demos representação heráldica ao nosso símbolo, tão corretamente quanto permitem nossas limitações. (Figura 5)

FIGURA 5: Em linguagem heráldica, com as desculpas antecipadas aos heraldistas profissionais, nosso brasão assim seria descrito: Em campo azul, o Compasso e o Esquadro em ouro, entrelaçados na posição de Aprendiz Maçom, inscritos na Constelação do Cruzeiro do Sul, em prata, invertida, tal como representada na Bandeira Brasileira, a estrela "beta" em ouro. O elmo, que distingue a instituição, é chamado atributo, enquanto o panejamento que sai do elmo (virol e mantel) e a divisa são chamados ornatos... Assim, através do respeito, a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro prepara-se para o futuro inspirando-se no passado histórico. Agradecimentos A Grande Loja Maçônica do Rio de Janeiro e os autores deste trabalho agradecem especialmente à ARLS Esfinge nº 22, de Volta Re-donda, por sua valiosa contribuição. De todas as Lojas da jurisdição, a Loja Esfinge destacou-se no conhecimento maçônico e na participação ativa, um exemplo verdadeiro de fidelidade ao compromisso de auto aperfeiçoamento e uma demonstração patente de interesse pela Ordem.

FIGURA 6: O timbre completo da GLMERJ, com atributos, ornatos e a orla com o nome da nossa Instituição.


Bibliografia

Carr, harry: 'The Freemason at Work; Lewis Masonic, 1989, Londres Child, heather: heraldic Design; Bili & hyman Ltd., 1979, Londres Enciclopédia Mirador Internacional; Encyclcpaedia Britannica do Brasil publicações Ltda., 1976, São paulo Engenho & Arte, nº 6; Janela Editorial Ltda., Rio de Janeiro hamil, J. e Gilbert, R.A.: World Freemasonry, an illustrated history; The Aquarian press, 1991, Londres Jones, Bernard. Freemasons' Guide and Compendium; harrap, 1988, Londres Lello Universal; Lello & Irmão, presumivelmente década de 30, porto Smith, Whitney: Flags through the Ages and across the World; MacGraw hill Books Ltd. Co., 1976, Maidenhead